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Política em potencial para gente em potencial


Crédito de imagem: freepik.com/autor/



Amigo leitor do Portal Líderes, estamos em um momento histórico dentro das possíveis transformações políticas no Brasil. Deixando um pouco de lado nossas inclinações partidárias, iremos neste momento sobrevoar o oceano da complexidade daquilo que a polis pode nos ensinar. 


Bom, como todos sabem, sou Filósofo e como tal, pesquisador e escritor, estou deixando aqui para o amigo leitor, um conteúdo de relevância. Não importa se você é de esquerda ou de direita; quiçá em quem você votou ou vai votar no futuro, portanto, neste sentido, importa você, através desta leitura, absolver o máximo de conhecimento para evitar errar nas urnas durante sua vida. 


Iremos sobrevoar alguns fenômenos, pensamentos e épocas, para dominar o presente; afinal, só se pode melhorar o futuro conhecendo o passado.


Leiam todo o conteúdo e no final, você vai encontrar algumas sugestões importantes para você elencar em seu repertório de conhecimento para organizar seu turno enquanto vida, enquanto leitor que vai votar.


Quando a Φιλοσοφία (filosofia) surge na Grécia Antiga e se consolida na cidade de Atenas que naquela época havia se tornado um centro intelectual e cultural, ela adquire uma característica bastante peculiar. Φιλοσοφος (filósofos) como Sócrates, Platão, Aristóteles e os Sofistas vão concentrar boa parte de suas reflexões em torno das discussões antropológicas, quer dizer, em torno do próprio homem, do ponto de vista individual, normativo, social, político e existencial.


Por sua ênfase nas discussões antropológicas e em torno da realidade política ateniense o historiador da Φιλοσοφία, Jean-Pierre Vernant, chegou a declarar que a Φιλοσοφία é "filha da cidade", ou seja, havia uma preocupação por parte de tais pensadores em discutir o papel social e coletivo dos indivíduos e esta preocupação era tão forte que Aristóteles chegou a definir o homem como um "zoon politikon", um "animal político".


A ágora (praça pública) era o lugar privilegiado onde o debate em torno dos problemas políticos e sociais enfrentados pelos cidadãos atenienses se realizavam.


Vale lembrar que a Grécia Antiga é o berço da Democracia (governo do povo) e, pela primeira vez, os cidadãos poderiam participar diretamente da coisa pública (res pública). Assim surge, se assim podemos dizer, a Filosofia Política.


Os primeiros grandes mestres do pensamento político foram, sem dúvida, Platão e Aristóteles. Ambos procuraram sistematizar suas ideias escrevendo obras cuja importância é reconhecida ainda hoje, o primeiro, é autor do clássico A República e o segundo, autor de Política. Obras fundamentais para quem quer conhecer um pouco da história e das ideias em torno do fenômeno do poder.


Filosofia e Política têm mantido, entre si, ligações antigas. Platão oferece aquele que pode ser o seu mais forte paradigma. O filósofo rei, aquele que está apto a exercer uma função pública de administrar a cidade e que pode fazer passar, para a ordem instável do mundo sensível e na qual se encontra a cidade, a imutabilidade do mundo das ideias, o mundo da verdade. Já com o filósofo alemão Karl Marx nós encontramos um outro modelo. 


Pois agora a verdade é a dialética do movimento do mundo material (o mundo das ideias platônico é uma quimera, só existe o mundo sensível, material) histórico e da luta de classes entre opressores e oprimidos. Marx, além disso, denuncia a filosofia que, ocupando-se apenas em interpretar o mundo, esquece de transformá-lo. Mas a práxis revolucionária marxista, que fique bem claro, não é uma práxis que se faria às cegas. Toda práxis demanda sua θεωρία (teoria), e cabe à filosofia, então revolucionária indicar-lhe o seu portador.


Marx pesquisou a história da humanidade. Foi um pensador, um estudioso, que queria entender a sociedade. Sua grande contribuição foi uma profunda análise sobre o sistema Capitalista e como esse modelo de organização política e econômica favorece a ampliação das desigualdades sociais. 


E de como esse modelo revela uma sociedade que não é uma sociedade preocupada com o bem estar geral, é uma sociedade preocupada em vender, a sociedade do lucro, por isso que é a sociedade do capital, não a sociedade do social, é a sociedade que só quer se manter para que cada vez mais seja produzido mais e mais lucro. A sociedade avança muito com a tecnologia, começa a produzir muito, mas o social fica para trás.


O Capitalismo que tem suas origens no Liberalismo Político com John Locke e se consolida com o Liberalismo Econômico de Adam Smith. A ideia de que o homem é livre e o Estado existe apenas para garantir o direito à vida, à liberdade e ao direito da propriedade faz com que Locke seja considerado o pai do liberalismo político. A ideia de que essa liberdade tem que ser garantida dentro das relações de mercado, ou seja, o Estado tem que intervir o mínimo possível na economia faz com que Adam Smith seja considerado o pai do liberalismo econômico. 


Política em potencial é para pessoas em potencial, no sentido de serem exigentes no tocante em saber, sobre quais princípios e conhecimentos se deve votar em uma ou outra opção. Vamos seguir o fluxo do raciocínio histórico. E a crítica a este pensamento, conforme citei acima, é feita por Karl Marx. Mas a ideia de que a propriedade privada é algo natural e tem que ser garantida pelo Estado é criticada antes mesmo de Marx, por Jean-Jacques Rousseau. 


O primeiro homem que cercou um lote de terra e disse “isso aqui é meu”, afirma Rousseau, causou um dos maiores males para a humanidade, pois com o surgimento da propriedade privada teve origem às desigualdades sociais. Rousseau estabelece dessa forma a instituição da propriedade privada e da desigualdade social como o principal problema da organização política


Mas estas não são as únicas contribuições que a Filosofia pode oferecer em torno da análise do pensamento político. Em todas as épocas os filósofos sempre se preocuparam com a questão social e pensam a respeito. Como é o caso do renascimento e da modernidade. No renascimento o pensamento político de Nicolau Maquiavel caracterizou-se pela reflexão crítica sobre o poder e o Estado. Em “O Príncipe”, Maquiavel secularizou a filosofia política e separou o exercício do poder da moral e religião cristã.


 Diplomata e administrador experiente, cético e realista, defende a constituição de um estado forte e aconselha o governante a preocupar-se em conservar o Estado, pois na política o que vale é o resultado. O príncipe deve buscar o sucesso sem se preocupar com os meios. Com Maquiavel surgiram os primeiros contornos da doutrina da razão de estado, segundo a qual a segurança do estado tem tal importância que, para garanti-la, o governante pode violar qualquer norma jurídica, moral, política e econômica. 


Maquiavel foi o primeiro pensador a fazer distinção entre a moral pública e a moral particular e o primeiro defensor da autonomia da esfera política, sobretudo em relação à moral e à religião, quer dizer, fora de qualquer preocupação de ordem moral e teológica. Além disso, Maquiavel rejeita os sistemas utópicos, a política normativa dos gregos e procura a verdade efetiva, ou seja, como os homens agem de fato.

Fazendo uma clara alusão às utopias desde Platão até Thomas Morus e Tommaso Campanella, Maquiavel distancia-se também dos tratados sistemáticos da escolástica medieval e propõe estudar a sociedade pela análise dos fatos, sem se perder em vãs especulações. Ao observar a história dos fatos, Maquiavel constata que os homens sempre agiram pelas formas de violência e da corrupção e conclui que o homem é por natureza capaz do mal e do erro. 


Às utopias opõe um realismo anti utopista através do qual Maquiavel pretende desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e imediata.


Também é possível encontrar um certo realismo político nas análises da pensadora contemporânea Hannah Arendt. Arendt analisa a aproximação entre filosofia e política e entende que o político e o filósofo não se confundem, pois enquanto um busca um conhecimento abstrato e complexo sobre algo que é uma espécie de ser, o outro se preocupa com as ações, atos e posicionamentos que uma pessoa deve ter. 


Segundo ela, a filosofia tenta demasiadamente ser neutra para poder se posicionar. São discussões sobre o que é plausível, o que é lógico, o que faz sentido dentro de um esquema teórico, enquanto o político se importa mais com o que faz sentido dentro de um aspecto mais real, mais concreto.


Vemos assim como o problema político evidencia o problema social – sua organização, seus mecanismos – e ambos têm ocupado os filósofos em todos os tempos. Nesta seção você poderá aprofundar algumas das ideias aqui esboçadas, seja na Filosofia Antiga, através das ideias de Platão e Aristóteles, seja na Filosofia Moderna, mergulhando no pensamento de Maquiavel, Rousseau ou dos economistas clássicos, seja na Filosofia Contemporânea, através do pensamento de Marx, Arendt, a Escola de Frankfurt, dentre outros.


Através destes pensadores, a filosofia se projeta para o campo da política, para pensar os desafios do convívio sócio político, enfrentar e debater de perto a lógica das regras que devem presidir o jogo das relações políticas, para propor-se a avaliar o confronto de valores na esfera pública, para pôr a nu a presença do mecanismo Ideológico como mascarador do poder nas relações sociais, para apresentar a utopia que guia o raciocínio em direção a ruptura com as mazelas do sistema estabelecido quando apresenta traçado um Estado Ideal, para criar alternativas reflexivas e críticas para a superação da crise política e se debruçar sobre as formas de Estado. 


Se a filosofia pensa o poder, pensa os limites do poder, se pensa a justiça, discute as injustiças. É neste sentido que seu papel e sua função social vêm exatamente descritos por esta sua intromissão na dimensão das questões de relevância política e de relevância social, na governança dos interesses comuns.


Vieira (2006) ressalta a importância, e até a necessidade, de a filosofia não perder o vínculo com suas raízes, ou seja, manter o seu papel reflexivo em torno de espaço público, a partir da ágora, onde ocorriam as assembleias dos cidadãos atenienses e onde se tomavam as decisões na organização da polis. “Pergunto, o que caracteriza a atividade intelectual da Academia de Platão ou do Liceu de Aristóteles, senão o de tornarem-se espaços privilegiados de reflexão sobre a vida política da cidade?” (id., 2006, p. 107). Por isso a filosofia continua a ser uma importante aliada da sociedade, no sentido de indicar aos seus

cidadãos a necessidade de refletir sobre as mais diversas situações que envolvem as relações humanas e sociais e o que podemos fazer para melhorar tais relações e viver em uma sociedade efetivamente mais democrática e mais justa.



E eis como o filósofo e historiador do pensamento político contemporâneo, Norberto Bobbio, definiu a Filosofia Política:


1 - Filosofia política como determinação do Estado perfeito: quando a filosofia busca construir modelos ideais de Estado ou convivência política fundamentada em valores.

2 - Filosofia política como determinação da categoria “política”: quando a filosofia busca esclarecer os significados e o alcance do conceito e da atividade política.

3 - Filosofia política como procura do critério de legitimidade do poder: quando a filosofia procura responder à questão dos fundamentos da necessidade da obediência ao poder político.

4 - Filosofia política como metodologia da ciência política: quando a filosofia busca esclarecer os pressupostos epistemológicos que tornam possível a Ciência Política.



A América Latina também tentou definir o mundo e a vida humana a partir de sua própria filosofia, questionando ou afastando-se do paradigma europeu; ou, como disse Simón Rodríguez, professor do El Libertador de hispanoamérica, Simón Bolívar, tentando ser “original” na cultura e na filosofia, a partir de sua própria multietnicidade e miscigenação intelectual, longe do domínio do velho continente e da hegemonia americana.


Longa é a lista de intelectuais que forjaram sua própria visão de mundo do novo continente: O equatoriano Bolívar Echeverri (2005), Santiago Castro-Gómez, na Colômbia; na Argentina, Juan Bautista Alberdi; no Uruguai, José Enrique Rodó (1967); no Peru, Francisco Miró Quesada (1974) ou o mexicano José de Vasconcelos (1959), que acertadamente afirmou: a Europa culta costumava nos julgar como os restos dispersos de um naufrágio irreparável.



Mas o continente não é alheio às ideias que vêm de outras partes, e com a irrupção do pensamento político em outras latitudes, o americanismo, o indo-americanismo, o africanismo e a marginalidade derivada do colonialismo europeu também se manifestam para definir o seu próprio pensamento. Assim, para o marxismo soviético e europeu e para o ianquismo prevalece o pensamento de Alberdi, que defende uma filosofia política “aplicada aos objetos de interesse mais imediato para nós”. Por sua vez, o peruano José Carlos Mariátegui foi o principal promotor do indigenismo e da ruralidade, dando um caráter distinto ao comunismo soviético ou à Europa industrializada. Em seu prolífico trabalho, fundem a concepção do sujeito classista revolucionário com aspectos da realidade andina. No Brasil, a Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, fundamenta sua proposta filosófica na libertação do sujeito por meio da educação e da consciência de sua própria realidade.



Enfim, o leitor precisa ter essa visão geral da política, da filosofia política. Trazendo agora para o cotidiano, falar de política para muitos é um assunto muito afastado da realidade da maioria dos cidadãos por falta de conhecimento, logo são fáceis de ser manobrados pela mídia. 


No entanto, é importante você pesquisar o histórico do partido do seu candidato, pesquisar o histórico do candidato e tudo isso deve ser feito sem levar consigo nas pesquisas, suas paixões ideológicas ou partidárias. É importante fazer um tipo de sindicância, levantar dados e buscar em fontes oficiais e/ou confiáveis, para ter não só o saber direito, bem como a ampliação da consciência, da resiliência e por fim, ataraxia diante do outro que não sou eu e que pensa diferente do que eu penso. 


Leiam sobre a história da política no Brasil e nos países que você achar importante a leitura. Leiam sobre o comunismo, sobre a monarquia, sobre o presidencialismo entre outros. Acredite, o conhecimento liberta das prisões de dependência. O sucesso da sua vida pessoal ou profissional, não depende dos políticos, bem como a dispensa de sua casa, ficará cheia ou vazia, não por causa do governo que aumentou ou diminuiu os impostos, mas sim, você, exatamente você, com a competência e os conhecimentos adquiridos será exclusivamente o responsável pelo efeito na dispensa.


" O estudo do bem pertence a política, que é a primeira das ciências práticas. A missão da filosofia política contemporânea é a superação pragmática dos conceitos de esquerda e de direita, e o governo deve ter medo do seu povo."





Autor.:
 

Nilo Deyson Monteiro


FILÓSOFO, ESCRITOR & POETA - Acadêmico da Academia Pedralva Letras e Artes, ocupante da cadeira n°17 🖋🌿📚⚖ - pesquisador e colunista.
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E-mail Oficial.: dyson.11.monteiro@hotmail.com


         


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