Banner Topo

A Brevidade da Existência e o Sopro que Nos Move

Por Luís Laércio Gerônimo
A Brevidade da Existência e o Sopro que Nos Move
Uma reflexão que atravessa gerações
A consciência da finitude é uma das inquietações que sempre acompanhou a humanidade. Desde a Antiguidade, pensadores de diferentes épocas tentaram compreender esse intervalo misterioso entre o nascer e o morrer. Sêneca, em sua Arte de Viver (ou A brevidade da vida), lembrava que “não é que tenhamos pouco tempo; é que desperdiçamos muito”. Para este pensador, a vida é suficientemente longa para quem sabe habitá-la com presença, propósito e serenidade.

Séculos mais tarde, outro pensador de peso na filosofia existencialista, Friedrich Nietzsche, ecoaria esse sentimento à sua maneira, afirmando que o desafio humano é transformar cada instante em algo digno de ser eternamente repetido — seu famoso conceito de eterno retorno e a coragem de dizer sim à vida - e a tudo que ela constitui. Dizer sim ao que se quis e ao que não quis. Dizer sim ao que feriu e ao que fortaleceu. Não importa a situação, dizer sempre sim ao destino (Amor fati) ”Em outras palavras, viver de modo, que cada gesto tenha intensidade, autenticidade e coragem”.

Na verdade, somos feitos de instantes: alguns marcados pela alegria e plenitude, outros pela dor e vazio. Todos, porém, seremos tragados pelo tempo, pois somos igualmente finitos.

Na poesia contemporânea, esse tema ganha nuances ainda mais profundas, quando o autor se permite desnudar a própria alma. É o caso do poema que compartilho nesta coluna — de minha autoria — e que nasce do encontro entre a melancolia e a lucidez, entre o realismo da morte e a urgência de viver plenamente.

Poema: “Minha vida é um sopro”
"Um largo sorriso no rosto, felicidade abstrata,
da vida trago um desgosto, que a certeza maltrata,
é a brevidade da vida, que arde como ferida
e a morte por certo me arrasta.

Ciente da efêmera existência, procuro dar autenticidade,
vivendo a vida em potência, em toda sua intensidade,
humano por excelência, exercendo a benevolência
e excluindo a maldade.

A vida parece um sopro, não sabemos a durabilidade;
pra uns, se alonga um pouco, pra outros, há brevidade;
devemos durante esse sopro, seja velho ou seja moço,
procurar felicidade!

A vida é uma peça em cena, ora se chora, ora se aplaude;
nela, os atores contracenam: dramas, tragédias ou piedade.
Às vezes somos tragados da cena,
sem nenhuma explicação amena
e nos tornamos saudade."
Reflexão: O sopro, o tempo e o legado
Esse poema nasce não apenas da contemplação filosófica, mas da própria experiência humana diante do tempo, essa entidade silenciosa que opera sem pausas, concessões ou preferências. Ele recorda que viver “em potência”, com autenticidade e benevolência, não é utopia, mas urgência.

Ao assumir que “às vezes somos tragados da cena”, a poesia reconhece nossa vulnerabilidade diante da finitude, mas também nossa força: a capacidade de transformar o breve em significativo, o efêmero em memória, o sopro em legado.

O convite, portanto, é simples e profundo: que cada leitor reflita sobre o que está fazendo com seu próprio sopro de vida. Se a existência é curta, que ao menos seja intensa. Se o tempo é incerto, que ao menos sejamos verdadeiros. Se o final é inevitável, que ao menos deixemos saudade — e não arrependimentos.

Na pressa do cotidiano, esquecemos que cada minuto é uma chance irrepetível. Essa reflexão é um lembrete poético e necessário de que a vida não é sobre quantidade, mas sobre presença. Sobre estar, sentir, abraçar, perdoar e agradecer. Sobre viver — e não apenas existir.

Nota Portal Líderes:
Que este artigo seja um pequeno respiro no meio do barulho da rotina. Uma chance de lembrar que ainda somos capazes de construir sentido — com escolhas, gestos, palavras e memórias.
Boa Leitura!


Luís Laércio Gerônimo

Luís Laércio Gerônimo

Filósofo, Escritor e Pesquisador | Graduado em Filosofia (UFS) | Mestrando em Educação (Universidade Autónoma Assunção) | Pós-graduado em Filosofia, História do Brasil, Teologia e Gestão Pública | Autor de "Meus Devaneios" (2023) e "Jaciobá Origens" (2024)

Naturalidade: Pão de Açúcar-AL

Agradecemos ao colunista Luís Laércio Gerônimo por mais uma reflexão que inspira e aproxima o leitor da própria existência.

Nenhum comentário:

Agradeço a sua participação! Compartilhe nossos artigos com os amigos, nas redes sociais. Parabéns

Tecnologia do Blogger.