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Você é águia ou galinha?



Reprodução de imagem.: PL


A águia que (quase) virou galinha



     A ideia desta estória não é minha. É só o meu jeito de contar...

     Sobre uma águia que foi criada num galinheiro.  E foi aprendendo sobre o jeito galináceo de ser, de pensar, de ciscar a terra, de comer milho, de dormir em poleiros...


     E na medida em que aprendia ia esquecendo as poucas lembras que lhe restavam do passado. É sempre assim: todos aprendizado exige um esquecimento... E ela desaprendeu!

    Os Voos nas nuvens, os cumes das montanhas, o frio das alturas, a vista se perdendo no horizonte, o delicioso sentimento de dignidade e liberdade...

   Como não havia ninguém que lhe falasse desta coisas, e todas as galinhas cacarejassem os mesmos catecismos, ela acabou por acreditar que ela não passava de uma galinha com perturbação hormonal, tudo grande demais, aquele bico curvo, sinal certo de acromegalia, e desejava muito que o seu cocô tivesse o mesmo cheiro certo dos cocô das galinhas... Você é águia ou galinha!



    Um dia apareceu por lá um homem que vivera nas montanhas e vira o voo  orgulhoso das águias.




Que é você faz por aqui? Ele perguntou!

"Este é o meu lugar, ela respondeu. TODO mundo sabe que galinhas vivem em galinheiros, comem milho, ciscam o chão, botam ovos e finalmente viram canjas! Nada se perde, utilidade total...



"Mas você não é uma galinha" ele disse. É uma águia!


De jeito nenhum. Águia voa alto. Eu nem sequer voar sei. Pra dizer a verdade, nem quero. A altura me dá vertigem. É mais seguro ir andando passo a passo...

  

 

 E não houve argumento que mudasse a cabeça da águia esquecida. Até que o homem não aguentando mais ver aquela cabeça da águia transformada em galinha, agarrou a águia a força, e a levou até o alto de uma montanha. A pobre águia começou a cacarejar de terror, mais o homem não teve compaixão; jogou-a no vazio do penhasco. Foi então que o pavor, misturado á memoria que ainda morava em seu corpo, fez as asas baterem, a principio em pânico, mas pouco a pouco com tranquilidade e dignidade, até se abrirem confiantes, reconhecendo aquele espaço imenso que lhe fora roubado. E ela finalmente compreendeu que seu nome não era galinha, mas águia.



Está estória foi escrita na África, um profeta dizendo aos seus companheiros:

"vejam a que estados os brancos nos reduziram: águia que andam como galinhas.


É PRECISO VOAR DE NOVO."




Fonte: Rúbens Alves
Publicado na Revista TEMPO & PRESENÇA
em Setembro de 1987.


Boa Leitura!




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