A Ordem de Cavalaria de São Bento de Avis
Ultimamente muito tem sido discutido, principalmente nos meios monarquistas, a respeito de ordens dinásticas e religiosas no Brasil e sobre suas histórias desde o velho continente. Por conta desse fenômeno decidi escrever um pouco sobre a interessante Ordem de Cavalaria de São Bento de Avis a título de apresentá-la, ainda que de maneira muito rudimentar, aos leitores.
Ao retornarmos à história da fundação do Reino de Portugal, o que ocorreu na primeira metade do século XII, nos deparamos com as Cruzadas do Oriente contra os Mouros ou como alguns preferem chamar “A Reconquista Cristã”. Nessas Cruzadas houve a participação de diversas Ordens Religiosas que, dentre muitas motivações, tinham também a missão de expulsar os muçulmanos da Península Ibérica.
Uma dessas Ordens religiosas, e talvez a mais importante delas, foi a Ordem de São Bento de Avis, que teve sua Sede em Évora e foi oriunda da Ordem de Calatrava (ramo português), da qual se separou posteriormente. Sobre sua origem versa com maestria Alejandro de Armengol y de Pereyra: “Tuvo su origen en una hermandad confirmada en el año 1162 por el primer rey de Portugal Alfonso Enríquez. Tuvo convento, entre otras poblaciones en Avis, de donde le viene el nombre” (ARMENGOL. p. 185. 1947).
Colacionamos oportunamente informações importantes a respeito do Convento de São Bento de Avis e sobre o nascimento da Ordem de mesmo nome no Reino de Portugal:
O Convento de São Bento de Avis era masculino e pertencia à Ordem Militar de Avis. Em 1158, foi fundada a Ordem de Calatrava com o auxílio do rei Sancho III de Castela, adoptando a regra de São Bento e a Constituição da Ordem de Cister. Daquela viria a nascer a Ordem de São Bento de Avis, como braço autónomo no reino de Portugal.
Após a ascensão de D. João I, Mestre de Avis ao trono de Portugal, houve uma separação dessas duas Ordens, especificamente no ano de 1385, pois Castela demorou a reconhecer a referida ascensão do monarca e, ainda, esclarece Antonio Luiz M. C. Costa, que “os dois países tomaram partidos opostos no Grande Cisma do Ocidente” (COSTA. p. 150. 2014).
Sobre a simbologia da Ordem e a respeito de outros aspectos relevantes, continua o referido autor:
A nova ordem adotou uma cruz semelhante à de Calatrava, mas verde (semelhante, portanto, à da Ordem de Alcântara), e foi dispensada do voto de castidade. Seus grão-mestres passaram a ser nomeados entre membros da casa real e favoritos do rei e seus cavaleiros participaram da guerra no Marrocos. Em 1551, os cavaleiros foram dispensados também do voto de pobreza e a ordem foi progressivamente secularizada. Em 1834 foi extinta e em 1894 ressuscitada como ordem honorífica para militares que prestassem serviços relevantes a Portugal (IDEM).
Já no que toca à separação da Ordem de São Bento da de Calatrava e sobre a Batalha de Aljubarrota, recorremos aos ensinamentos de Alejandro de Armengol y de Pereyra:
La de San Benito de Avis se separó de la de Calatrava por consecuencia de los acontecimientos del tiempo de la batalla de Aljubarrota. Es una Ordem secularizada que se concede como premio al mérito militar (ARMENGOL. p. 185. 1947).
Entre 1139 e 1834 muito se passou em relação à Ordem de São Bento de Avis, e tais informações podem ser encontradas em sites com objetivos arquivísticos. Ocorre que nem todas as informações podem ser levadas a sério como, por exemplo, a de que em 1834 a Ordem de Avis foi extinta. Na verdade a ordem jamais foi extinta, mas esse assunto será tema de um artigo específico.
No Brasil tivemos figuras proeminentes e titulares do Império que integraram a Ordem de São Bento de Avis, dentre eles o Duque de Caxias, Luiz Alves de Lima e Silva e o Marques de Tamandaré, Joaquim Marques Lisbôa, como consta no Archivo Nobiliárchico Brasileiro. Sua grã-maestria no Brasil é disputada atualmente entre primos, o Sr. Pedro de Orleans e Bragança e o Sr. Bertrand de Orleans e Bragança, confirme é possível constatar em seus sites.
Enquanto os Orleans e Bragança não se decidem sobre muitas questões e também não se interessam pela restauração da monarquia, o povo brasileiro procura alguém honrado e corajoso o suficiente para exercer esse papel de imperável. Acredito que o Chefe da Casa Bueno da Ribeira seja, por legitimidade e também por vocação a melhor opção para nosso país.
Referências:
- ARMENGOL, Alejandro de y de Pereyra. Heráldica. P. 185. Segunda Edición Revisada y Ampliada. Editorial Labor, S. A. Barcelona – Madrid – Buenos Aires – Rio de Janeiro. Printed in Spain. Talleres Gráficos Mariano Galve: Carmen, 16. Barcelona. 1947.
- COSTA, Antonio Luiz M. C. Títulos de Nobreza e Hierarquias: um guia sobre as graduações sociais na história. P. 146, 150, 151, 159. São Paulo: Draco. 2014.
- VASCONCELLOS, Barão de; VASCONCELLOS, Barão de Smith. Archivo Nobiliarchico Brasileiro. p. 40, 126/127, 413,414, 494/496. 1918. Lausanne (Suisse). Imprimerie La Concorde).
Boa Leitura!
Evandro Monteiro de Barros Jr
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