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O bem e mal nos primórdios da Cultura Pop



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 O bem e o mal no começo da cultura pop analisada por elementos do filme Karatê Kid e pela série Cobra Kai, visões complementares após 37 anos. 



As décadas de 1970 e 1980 marcaram o pico de uma explosão midiática durante a Guerra Fria. Nesse período, a cultura pop se consolidou como um fenômeno global, principalmente por causa da música, da televisão e do cinema. Em sintonia com o contexto da época, as histórias contadas nesses meios quase sempre trazem no ar a marca da dualidade. A luta entre o bem e o mal foi marcada pelo extremismo e parcialidade em suas demonstrações. Entre os muitos sucessos de bilheteria que apareceram na época, lançamos o filme "Karatê Kid" pela primeira vez em 1984. A história é simples e não foge ao clichê "bom ou ruim/bem ou mal ", mas marcou época por trazer um desenvolvimento denso dos seus personagens.



 Karatê Kid desenvolve bem seus protagonistas, transformando seus personagens com várias camadas de personalidade e problemas. Daniel LaRusso sempre foi teimoso, temperamental e até um pouco egoísta. Mestre Miyagi, por outro lado, até mostrou suas fraquezas ao relembrar seu passado com a guerra e de sua amada esposa. 



Mas esse desenvolvimento não se aplica aos vilões. Sendo malvados por natureza, apenas um antagonista na jornada do herói do nosso grande Daniel “San”. Deixando eles vagos, apenas frases feitas e maquiavélicas.



Após 37 longos anos, o mundo virou o jogo para franquia e o que sempre acreditávamos, se apagou, como se tivéssemos passado borracha e reescrevemos a mesma história em outro ponto de vista. Essa borracha se chama Youtube Red/Netflix. O famoso antagonista Johnny Lawrence ganha voz, alma, personalidade e tudo que o filme de 1984 não deu a ele, chance de apresentar a sua versão da história.



 A ideia de dar vida a visão do antagonista dos filmes clássicos misturam loucura e ousadia, que para muitos foi a receita do sucesso. Fãs do Karatê Kid original voltaram aos anos 80. Uma nova leva de fãs conheceram o universo e a mitologia e se apaixonaram. Dar camadas para o principal e mais lembrado antagonista dos filmes clássicos foi uma jogada de gênio.



 Aqui está Johnny Lawrence com alguns contratempos em sua vida, que ainda é atormentado pelas escolhas erradas que fez durante a era Cobra Kai. Praticamente parou no tempo. 



Por outro lado, temos Daniel LaRusso que é bem sucedido financeiramente, feliz no casamento e famoso na cidade. Até hoje, ele lista com orgulho suas vitórias passadas como algo distante. 



Isso muda quando eles se encontram. LaRusso vê Lawrence da mesma forma que o filme que ele nos apresentou no passado: ele é um vilão, ponto final. É inaceitável para ele que Johnny, o cara que o perseguia quando era jovem, não tenha deixado o passado no passado e hoje vive como um derrotado.



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https://veja.abril.com.br/cultura/karate-kid-vai-ganhar-serie-com-atores-do-filme-original/



 E vamos ser sinceros, temos até dificuldade em gostar de Johnny Lawrence. Não só pelo que o filme nos apresenta, mas pela sua própria série. Johnny aparece como o mesmo cara ignorante e agressivo de antes. Mas a vantagem da série de filmes é o tempo, e Cobra Kai aproveita muito bem o tempo que tem para nos dizer que há mais coisas sobre esse cara e que você pode entender por que ele é assim. Agora ele é um herói que nunca está livre de seus erros, mas realmente concorda em fazer sua própria jornada do herói para se tornar um cara melhor, mesmo que ainda tenha ideias distorcidas. 



Também é difícil descartar o conceito de personagem de Daniel LaRusso, principalmente porque a série sempre nos lembra o que acontecia nos filmes. Ele é um cara que superou o bullying desferindo um golpe inesquecível. Também sabemos que o estilo de Karatê que ele prega é muito mais correto do que o que Cobra Kai defende, porque ele fala em defesa, não em ataque. 


Mas é a certeza de que ele está certo que torna LaRusso uma pessoa próxima ao erro. Ele está tão convencido de que é um herói que na maioria das vezes não consegue ter empatia com seu antigo rival. Ele culpa Cobra Kai por cada situação ruim, mesmo que eles não tenham nada a ver com isso. A ironia é que ele se opõe à filosofia que defende, porque sua atitude é quase sempre intransigente e ofensiva.



 E é aí que está o ponto de todo esse texto. Daniel tem certeza que o Johnny é mau por que ele é mau, que ele é mau por ser um Cobra Kai. E tem certeza que é do bem por ter concluído sua jornada, do cara que sofreu bullying ao justiceiro. Daniel acredita ser bom porque ele é o Campeão. Já Johnny por outro lado, acredita que ele fez tudo certo, Daniel chegou na sua cidade, roubou sua namorada e o venceu no que mais gostava de fazer. Johnny pensa que LaRusso é mau, porque LaRusso acabou com sua vida.



Mas a questão do certo e do errado não é uma mera formulação de uma mente humana ocupada, mas, ao contrário, é uma realidade viva que aparece para cada um de nós nos primeiros contatos com a cultura, com livros, com escrituras antigas e com a história. 



Criamos essa verdade pois, sim, nós precisamos acreditar que o bem sempre vence o mal. Aceitamos o bem que acreditamos ser melhor para nós. Não paramos para pensar no outro lado. Daniel e Johnny não passam de duas pessoas que têm raiva dos seus rivais e não conseguem ver suas semelhanças, não conseguem amadurecer e entender o lado do próximo. Então sim, acredito que karate Kid e Cobra Kai, mostra para gente que toda história sempre terá três lados: O seu, o meu e a verdade. E somos nós que seguimos acreditando e depositando nossas fichas.


Boa Leitura!



Autor.:

Nicholas Zordan Vasconcelos



Formado em publicidade e propaganda pela Barão de Mauá. Experiência em veículo de comunicação. Sou apaixonado por área de mídia e agência e audiovisual e fotografia   

E-mail: nicholaszvasconcelos@gmail.com


Instagram: @nzvasconcelos

WhatsApp.: (16) 9.8153-4443 



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