Banner Topo

Método e Ato Filosófico Hegel

 

Crédito der imagem.: freepik.//fabrikasimf



Segundo Filósofo Nilo Deyson

 

Amigo leitor do Portal Líderes, trago para você, um pouco de filosofia para ampliar sua dimensão de consciência e desenvolver seu intelecto no sentido crítico, para observar o mundo de um modo mais seletivo sobre aquilo que se pode acreditar na existência.


Deixe eu me apresentar: Sou Filósofo e Escritor, fundador da filosofia da imparcialidade participativa. Enfim, vamos para o conteúdo construtivo para você.

 

Há contradição em todas as coisas, pois “a contradição é a raiz de todo movimento e vitalidade; pois só na medida em que tem algo em si mesmo uma contradição se move, tem  impulso  [Trieb]  e  atividade” Assim  a  metafísica  que apresenta a verdadeira natureza das coisas é a metafísica da contradição; e a lógica, que se  identifica  com  tal  metafísica,  apresenta  as  próprias  determinações  imanentes  ao pensamento, sendo por isso denominada a lógica da contradição. Hegel põe no lugar da tradicional lógica de raiz aristotélica, na qual se tomaria da metafísica o princípio de não-contradição  e  se  faria  dele  o  princípio  fundamental  ao  qual  toda  transição  lógica  seria requerida  a  aderir,  uma  nova  lógica,  direcionada  precisamente  ao  pensamento  da contradição,  uma  lógica  que  afirmaria  tal  pensamento,  uma  lógica  que  reconhece plenamente que “é ridículo dizer que a contradição não pode ser pensada”. Como  vemos,  essa  ciência da  lógica  é  completamente  diversa  daquela  dita tradicional em sua relação com a contradição.

 

Em lugar de um princípio que excluiria a contradição ser, que baniria verdadeira natureza das coisas, a metafísica iria agora, com Hegel, expor a contradição existente por toda parte, em todas as coisas, pois inerente à sua natureza das mesmas. Dessa forma, em vez excluirá contradição da verdade das coisas, a metafísica, ou melhor, a lógica, libertária a contradição em todas as coisas, mas tal libertação da contradição não é algo que iria acontecer de maneira externa, como se a contradição fosse levada às coisas, mas ela está ou é nas coisas mesmas, lhes constituindo a própria estrutura interna. É a metafísica da contradição, no sentido de que a contradição se tornaria a própria tarefa à qual a metafísica estaria propensa a evidenciar em todas as coisas –no intuito, é claro, de buscar- lhe resolver e superar. 



Por isso, Hegel se refere à contradição como uma “identidade de opostos”, pois reconhece  que  a  contradição  perdura  em  todas  as  coisas,  não  simplesmente  como contradição, mas como um relacionar intrínseco entre os opostos. Note-se que isso já foi antevisto  na  Fenomenologia  do  Espírito, onde  o  espírito  não    postula  e  suporta  a contradição, mas também a superá, como bem foi exposto por Gadamer, múltiplo, de modo que é possível especular esta contradição com uma intenção erística.”

 

 “A morte –se assim quisermos chamar essa inefetividade – é a coisa mais terrível; e suster o que está morto requer a força máxima. A beleza sem força detesta o entendimento porque lhe cobra o que não tem condições de cumprir. Porém não é a vida."

 

Como pertence à essência do espírito sustentar a contradição e mantê-la nele precisamente como a unidade especulativa dos opostos, a contradição, que era prova de nulidade para os antigos, se converte em algo positivo para a filosofia moderna. E principalmente   para   a   filosofia   hegeliana. Porém, como pensamento especulativo,  a  metafísica  expõe  as  contradições, mas  não  as  deixa  ficar  simplesmente como contradições, como opostos rígidos, é sua tarefa superar a contradição, pois somente nesse trabalho do negativo ocorre o desenvolver do conceito. Esse é o caráter específico do pensamento especulativo: consiste unicamente em agarrar os momentos opostos em sua unidade. 



Dessa forma, o pensar especulativo não impõe de fora a unidade sob a qual os  momentos  contraditórios  seriam  absolvidos, super assumidos.  Pois  cada  lado  da antinomia, cada momento do processo descobre sua relação intrínseca com seu oposto, tanto que a identidade mesma do momento já prova ser uma identidade de opostos, sendo sua unidade uma fusão de dois momentos, de si mesmo e seu oposto. O que o pensamento especulativo mostra é que na relação com seu oposto cada momento é unido a si mesmo, que ambos os momentos, em sua oposição, são, não obstante, para ser tomados juntos, apreendidos pela razão em sua unidade.

 

Desse modo, o pensamento especulativo deixa a positividade  da  união  ser  produzida  pela  negatividade  da oposição. Ele agarra a negatividade como determinada e assim a torna ser. Por isso, não se pode separar a contradição da própria constituição da realidade, pois isso representaria a negação do devir, ou seja, a incapacidade de perceber que cada conceito encerra em si uma potencialidade que permite sua transformação, em detrimento do  processo  de  determinação  o  que  ocorreria  é  a  estagnação  conservadora,  peculiar  às formas lineares de pensamento. 



Pois, para ser capaz de captar a contradição intrínseca à realidade,  a  lógica  hegeliana  opera  por  meio  de  outro  tipo  de  negação,  a negação determinada, que faz a transição de um momento dialético a outro, ligando todas as fases entre si e estabelecendo uma continuidade entre elas. A negação que se atemoriza ante a morte e se conserva intacta da devastação, mas é a vida que suporta a morte e nela se conserva, que é a vida do espírito. 



O espírito só alcança sua verdade à medida que se encontra a si mesmo no dilaceramento absoluto. Ele não é essa potência como o positivo que se afasta do negativo –como ao dizer de alguma coisa que é nula ou falsa, liquidamos com ela e passamos a outro assunto. Ao contrário, o espírito só é essa potência enquanto encara diretamente o negativo e se demora junto dele. 



Esse demorar-se é o poder mágico que converte o negativo em ser.” Hegel explica precisamente como esta unidade é obtida, como cada um dos opostos se supera precisamente através de si mesmo, por seu próprio desdobramento: “Cada um dos dois lados contém em si mesmo seu outro e nenhum pode ser pensado sem o outro, disso se segue que nenhuma dessas determinações, tomada por si só, tem verdade, senão que a tem apenas [em] sua unidade. Esta é a verdadeira consideração dialética delas, tal como seu verdadeiro resultado.”

 

 O movimento em direção a solução daquela inconsistência ou falta que  o  primeiro  momento  do  processo  dialético  sofre,  o  que  possibilita  o  processo  de determinação,  esse  automovimento  da  unidade  dialética.  Isto  é,  a  própria  negação  será negada  de  modo  determinado,  ou  seja,  vai  ser  negada  de  maneira,  que  ela  mesma permaneça  conservada  em  seu  negativo.  Processo  descrito  no  esquema: afirmação –negação –negação  da  negação  ou  negação  determinada,  que  dita  o  ritmo  da  dialética hegeliana. Por isso, para Hegel, o pensamento especulativo é o único que, por meio da negação  determinada, pode  abranger a contradição, o que pode  ser  atribuído a essa característica toda especial da dialética hegeliana. 


Para Hegel, a contradição entre os dois primeiros termos é intrínseca ao conteúdo deles e tem de  ser  preservada, transformada, levada adiante,  o  que  significa  ser suprassumida,  para  que  se    a  transição  de  um  momento  a  outro. Assim o método dialético hegeliano é o processo no qual a contradição deve ser considerada e trabalhada, pois, como ele mesmo diz no primeiro volume da Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio, ela ocorre e deve ser tida como a própria alma motriz  do  pensamento  e da própria  ciência. 

 

Hegel  põe a contradição no próprio núcleo de pensamento das coisas, simultaneamente. Pensamento não mais estático,  ele procede por meio de contradições superadas e guardadas, como num diálogo em que a verdade surge a partir da discussão e das contradições. Uma proposição não pode se pôr sem se opor a outra em que a primeira é negada, transformada em outra que não ela mesma.


 Essas proposições se solicitam umas as que Hegel já expôs na introdução: “é o reconhecimento da proposição lógica, que afirma que o negativo é por sua vez positivo, ou que o contraditório não se resolve em um zero, em um nada abstrato, senão só essencialmente na negação de seu conteúdo particular; quer dizer, que tal negação, não é qualquer negação, senão a  negação  daquela  coisa  determinada, que se resolve, e por isso é uma negação determinada.”

 

 O que é apresentado por Koyré: “Quando Hegel nos fala de oposição e de contradição, ele  não pensa numa relação entre os dois termos. Ele pensa, ou melhor, ele vê em si mesmo um ato que “apresenta” alguma coisa e um outro que lhe “opõe” outra coisa, que “se opõe” à ação do primeiro; um ato que “diz” alguma coisa, alguma coisa que é “contra-dita” [...] Poderíamos dizer que contrariamente à tradição milenar da filosofia, Hegel não pensa com substantivos mas com verbos.


” Ainda que reconheça que há grande mérito em Fichte e Schelling, no assumir dessa busca dialética de valoração positiva da contradição, da negação, Hegel denuncia o fracasso de ambos por não conceber o não em seu verdadeiro lugar: no próprio absoluto positivo. Isso foi registrado por Koyré: “De fato, o Absoluto de Fichte suprime o não; o Absoluto de Schelling o ignora. E por isso mesmo os dois permanecem ab-solus, separados, transcendentes ao ser, à razão. Permanecem imóveis e inconscientes.

 

E Hegel imagina que é preciso ir adiante, mais alto. Colocar o não no sim; mostrar o múltiplo no uno, mostrar no próprio infinito, o finito; no eterno, tempo, o movimento, a inquietude que para ele é a própria essência do real.” Pois como bem diz  “O sistema hegeliano não é a conclusão de uma espécie  de  silogismo  histórico  ao termo  do  qual  o  idealismo  absoluto  de  Hegel  sucederia  por  uma necessidade lógica ao idealismo subjetivo de Fichte e ao idealismo objetivo de Schelling.”

 

Apesar de opostas, tendem a formar uma “unidade de contrários”, uma grande síntese.  Tal  relação  é  a  dialética,  na  qual,  por  sua interdependência, nenhuma dessas proposições pode existir sem estar em diálogo com as demais. Assim,   a   primeira   proposição  encontrar-se-á   finalmente   transformada  e enriquecida  numa  nova  fórmula  que  era,  entre  as  duas  precedentes, uma  ligação,  uma mediação, uma reflexão.



 Seria  esse  o  verdadeiro  método  da  filosofia,  que  não  apenas  se  distinguiria  dos métodos  analítico  e  sintético,  pois  conteria  também  os  elementos  positivos  desses, enquanto suprassumir: O  método  da  verdade,  que  concebe  o  objeto,  é  sem  dúvida,  como    foi demonstrado, analítico ele mesmo, pois permanece absolutamente no conceito; porém é ao mesmo tempo sintético, pois por meio do conceito, o objeto está determinado dialeticamente e como outro.



 Tal método dialéctico visa preservar a ciência filosófica de cair no unilateralismo do  entendimento, que  separa  os  diferentes  e  não  vê relação  entre  eles.  Tal  proceder unilateral estabelece uma identidade morta, insuficiente e incompleta, pois a identidade por si só, destacada da diferença, é carente de sentido, e, considerada por si só, acaba por frear o processo de determinação.

 

Hegel sabe que não se pode negar o princípio de não-contradição  ou  identidade,  pois  ninguém  pode  a  ele  abandonar  sem  arriscar  a  própria racionalidade da argumentação proposta, mas também sabe que ele não pode fixar uma oposição  insolúvel  entre  identidade  e  diferença,  pois  a  identidade    é  concreta  em  si quando se encontra posta em relação à outra determinação lógica, a diferença. Com sua lógica especulativa, Hegel mostra a nulidade de uma identidade formal, que abstrai a diferença de si, mas que também não pode, inversamente, ficar na simples diversidade, pois deve reconhecer uma unidade interior em tudo o que existe.



 Deve ser reconhecida uma unidade na coisa, uma determinação que a faz ser o que é. Para tanto, apresenta  que  a  diferença  essencial,  posta  sob  a  forma  de  uma  positividade  e  uma negatividade, tem cada um desses elementos como uma determinação, na medida em Hegel, na Doutrina da Essência, tal princípio tido dessa forma não passa de uma lei do entendimento abstrato: “Este princípio, em sua expressão positiva: A = A, não é, em primeiro lugar, mais que a expressão de  uma  tautologia  vazia.  



Portanto  tem-se  observado  corretamente  que  esta  lei  do  pensamento  não  tem conteúdo  e  não  leva  adiante  [...]  Se  concede  que  o  princípio  de  identidade  expressa  apenas  uma determinação unilateral, e contém apenas a verdade formal, quer dizer, uma verdade abstrata, incompleta. – Porém  neste  juízo  correto,  está  subentendido  imediatamente  que  a  verdade  está  completa  apenas  na unidade  da  identidade  com  a  diferença,  e, por conseguinte, consiste apenas nessa unidade.”

 

" Uma paradinha: Leiam no final deste artigo, outros artigos aqui, no PORTAL LÍDERES "


CONTINUE LENDO COM Nilo Deyson

 

Porém, cada um desses aparece no outro, ou seja, seu determinar mantém relação com a determinação que é o outro, sendo somente na medida em que o outro é, pois: não se pode formular uma proposição sem que entrem já em jogo as categorias da identidade e da diferença [...] todo aquele que formule proposições utiliza palavras  distintas  e  entende  por  cada  palavra, isto  é não aquilo, com o qual ambas as categorias, identidade e diferença, estão aí implicadas. Da mesma forma que a identidade em si é um princípio vazio, o é a diferença em si, essa “é a carência-de-pensamento, peculiar da abstração: por lado a lado, como leis, essas duas proposições contraditórias, sem sequer compará-las.” 



A contradição nunca pode ser algo provindo de uma ação subjetiva, logo não pode deixar de  ser  considerada,  pois  é  um  pensar  da  necessidade,  essencial  a  tudo.  Assim  tudo  se determina através de uma relação recíproca, onde um outro se relaciona com seu outro e se torna o outro do outro, assim ocorre na identidade com a diferença, e em um nível mais elevado, no positivo como negativo.



 Por isso, ratifica Hegel: “o fim da filosofia é banir a indiferença que reconheceu necessidades das coisas, deserto que outro apareça como defrontando o seu Outro.” Não Pode Existir, como quer o entendimento, um tão abstrato “ou -ou”, pois tudo é um concreto, tudo é um algo em si mesmo oposto e diferente. O método, identificado aqui à interioridade que se move, é relação de si a si. O método hegeliano extrai sua determinação de relacionar intrínseco ao conteúdo. 

,


Este é o ponto  crucial  da  filosofia  de  Hegel,  onde  “atua”  em  verdade  seu  futuro  idealismo monista ou absoluto, sendo considerado como filosofia que atingiu um reconhecimento da realidade dual enquanto que fundamentalmente relacional. Assim  o  método  de  Hegel  não  determina  as  etapas  que  levam  à  construção  do sistema, ele exprime o próprio sistema, não é o método da filosofia especulativa, mas Basicamente se usa o termo monismo para se referir aos filósofos que só admitem uma substância, mas, segundo  informação  de  Mora,  durante  um  tempo  foi  comum  chamar  “monistas”  aos  que  seguiam  as doutrinas de Hegel, pois podiam ser considerados assim todos aqueles que identificassem a realidade com algum  Absoluto  que  se  manifesta,  seja  como  sujeito  e  objeto,  seja  como  matéria  e  espírito.  Nessa perspectiva as relações têm que ser internas à realidade considerada, ou seja, constituir esta realidade como tal. 



Deste modo nenhuma “realidade” é independente, senão que está relacionada ou integrada com o Todo. Qualquer enunciado sobre qualquer coisa é impossível (ou parcial) a menos que se refira ao Todo. Daí que neste tipo de monismo somente possa se falar de verdade como um todo, segundo havia proposto Hegel. Como  toda  proposição,  tomada  isoladamente,  é  parcial  e  falsa,  a  verdade  como  tal  é  unicamente  o desenvolver do  Todo  mesmo sob  a  forma  de  uma  proposição  acerca  de  si  mesmo. 

 

O ato do método precisa ser 


Anotado. Papel e caneta, amigo leitor, para compreender a proposta do pensar.

 

O  processo busca uma grande síntese,  Hegel indicou pelo verbot  Aufheben e o substantivo die Aufhebung – traduzido pelo saudoso Pe. Meneses –, respectivamente, por “suprassumir” e “suprassunção”.  uma  nota  na Lógica, de suma importância para a compreensão do estilo dialético que Hegel se propõe seguir,  temos  a  explicação  do Aufheben,  que  representa  o  próprio  desenvolvimento conceitual  da  Lógica,  que  no  avançar  do processo  supera  e  conserva  cada  momento desenvolvido. 



É interessante encontrarmos no prefácio à Fenomenologia do Espírito o parecer de Hegel sobre o modelo triádico, provindo de Kant e assumido por  Fichte,  que  muitos autores  de  Histórias  da  Filosofia  têm  como  próprio  de  Hegel, mas que ele mesmo não emprega em nenhum lugar essa terminologia para designar sua própria  dialética,  logo,  a  forma  tese-antítese-síntese  não  deve  ser  vista  sem  reservas impostas pelo próprio Hegel. Para ele, tal forma triádica é ainda carente-de-conceito e morta, um esquema sem vida, um verdadeiro fantasma, igualando-se ao formalismo já tão criticado anteriormente, pois o método científico não pode serreduzidoaumamera“tabela”.



 

Hegel  pode  também  ser  contado como  quarto,  e  a  forma  abstrata  pode considerar-se, em lugar de uma forma tripla, como uma forma quádrupla. O negativo,  ou  seja,  a diferença,  se  encontra  desse  modo  contado  como uma duplicidade. – O terceiro, ou seja, o quarto, é em geral a unidade do

 

 

Como  bem diz "A  dialética não é, por  conseguinte, somente a reprodução, no pensamento, do ritmo de desdobramento da totalidade orgânica, ela é este desenvolvimento mesmo."

 

 O prefixo  ‘supra’  não  nos  pareceu  despropósito,    que  toda  gente  diz  supracitado,  supra-sensível,  etc. Suprassumir é melhor que 'sobressair', não porque ‘sobre’ tem ressonância de ‘em cima’, e supra a de ‘acima’, mas porque a ambiguidade sumir/suprassumir fica muito bem para este ‘desaparecer conservante’ que é o Aufheben.”

 

  A  derivação  etimológica  apóia-se  no  modelo  assumir,  assunção.  A semântica  da  palavra corresponde ao antônimo de ‘subsunção’ que se encontra em Kant. A  suprassunção define  portanto uma operação contrária àquela da subsunção, que consiste em colocar a parte dentro da totalidade ou sob ela; a suprassunção, a Aufhebung, designa o processo de totalização da parte.”

 

 

Porém, não é o número de fases que importa, mas a continuidade que marca a essência dessa dialética, como bem expõe Labarriere:"É ilusão, por conseguinte, querer apreender o movimento dialético a partir desta impossível fixação dos momentos que ele percorre; ele não é nem um, nem dois, nem três, nem quatro, e  ele  é  tudo  isto  ao  mesmo  tempo:    resta  a  maleabilidade  de  um  esquema apto  a  tomar  a  forma  da transitividade essencial do real.”

 

Toda a forma do método seja uma triplicidade, é por certo apenas o lado superficial, extrínseco da maneira de conhecer. Pois  podemos  reconhecer  como  momentos  do  processo  um  primeiro  (em-si, imediato, universal), um segundo (ser-aí, particular e primeiro negativo), um terceiro (ser-para-si, negação absoluta ou negação da negação), e, por fim, um quarto (ser-em-si-para-si,  um  singular) Isso  se    porque  o  processo dialético  supera  a  contradição  posta  por  ele  mesmo,  pois  não  se  pode  permanecer  na contradição, se devendo buscar sua solução. Note-se que a contradição é o que não pode ser,  ela  não  pode  subsistir  no  sentido  de  se  fixar,  permanecer,  sob  o    risco  do  discurso perder sua logicidade.



 Esses dois tipos de negatividade, bem diferentes um do outro, que se sucedem, podem ser determinados da seguinte forma: a primeira desempenha o papel de  uma  relação  com  um  outro,  um  deparar-se  frente  a  um  outro,  gerando  uma particularização, a segunda negação, diversamente, trabalha no sentido de uma afirmação de si, e já constitui um novo ciclo posto de uma nova contradição, e é aqui que podemos afirmar  um terceiro  momento  que    pode  ser  identificado  como  um  quarto.  Esse  dito quarto  momento  dialético  é  na  verdade  a  unidade  dos  três  momentos  aludidos,  ele  é  a verdadeira grande síntese. A negatividade considerada constitui agora o ponto de ligação do movimento do conceito.



 É o ponto simples da referência negativa a si mesmo, a fonte mais íntima de toda atividade, de todo automovimento vivente e espiritual, a alma dialética, que tem todo verdadeiro em si mesmo, e por cujo meio ela somente é  um  verdadeiro:  com  efeito,  somente  sobre  esta  subjetividade  se  funda  a eliminação da oposição entre conceito e realidade e unidade, que é a verdade.

 

Segundo  Hegel, o processo  de  determinação  do  conceito,  a  ciência  filosófica,  é compreendido através da transição daquele momento inicial, um simples imediato, que se  reconhece  como  um mediador relacionado  com  um  outro,  ou  seja,  que  o  universal, mesmo em sua imediaticidade, é um particular. Logo, esse outro, esse segundo que surgiu, é  o  negativo  do  primeiro, e  deve  ser  considerado  como  o  primeiro  negativo,  o  qual  já conceituamos acima.



 Esse momento de relação com um outro acaba por marcar o perecer desse  primeiro,  do  imediato;  mas  esse  outro,  momento  de  uma  primeira  negação,  não pode ser considerado um negativo vazio, um simples nada que marcaria a impossibilidade da progressão proposta por Hegel, como se nós fossemos levados a cair em uma aporia insolúvel,  mas,  na  verdade,  esse  outro  do  primeiro,  ou  negativo  do  imediato, está determinado  como  o  mediador  porque contém  em  si  a  determinação  do primeiro, logo também pode ser atribuído ele um caráter positivo indeterminado.

 

O primeiro  é  conservado  e  mantido  no  outro,  ainda  que esse outro seja sua negação. Assim, a dialética hegeliana busca a todo custo manter firme esse positivo em seu negativo, sob o risco de parar o processo de determinação caso isso não fosse realizado. Para Hegel,se precisa ao mesmo tempo apenas a mais simples reflexão para convencer-se da  absoluta  verdade  e  necessidade  dessa  exigência,  e  pelo  que  se  refere  aos exemplos a propósito de provas, toda a lógica consiste nisso.



 Salienta-se, então,  que  o  segundo  negativo,  o  negativo  do  negativo,  consiste naquela  superação  da  contradição,  dita  anteriormente  como  extremamente  necessária, sendo ela “o momento mais íntimo, mais objetivo da vida e do espírito, por cujo meio este chega a ser um sujeito, uma pessoa, um livre.” 



A  dialéctica  hegeliana engloba  o  momento  do  especulativo  ou  positivamente racional, ou  seja,  o  jogo  das  determinações  que  se eliminam e complementam reciprocamente, movimento de produção de conceitos que é identificado com o próprio conceito.

 

O desenvolvimento do conceito anuncia claramente a verdade  da dialética. Por isso, a dialética é tida por Hegel como procedimento superior do pensamento, e, ao mesmo tempo, a marcha e o ritmo das próprias coisas: Chamamos dialética ao superior movimento racional, no qual tais termos, que aparecem absolutamente separados, transitam um ao outro por si mesmos, por meio  do  que  eles  são;  e,  assim,  a  pressuposição  [de  seu  estar  separados]  se suprassume. 



E a natureza do princípio da filosofia se impõe para Hegel justamente por ser ele consciente de que não se pode aderir a nenhum método que seja exterior a seu conteúdo, se deve antes buscar um método capaz de unir forma e conteúdo, método esse que tem raiz dialética, e está inteiramente unido ao próprio desenvolver do conceito, ou seja, da Ideia absoluta.




Autor.:
 

Nilo Deyson Monteiro


FILÓSOFO, ESCRITOR & POETA - Acadêmico da Academia Pedralva Letras e Artes, ocupante da cadeira n°17 🖋🌿📚⚖ - pesquisador e colunista.
Segue as mídias Sociais

E-mail Oficial.: dyson.11.monteiro@hotmail.com



         



Nenhum comentário:

Agradeço a sua participação! Compartilhe nossos artigos com os amigos, nas redes sociais. Parabéns

Tecnologia do Blogger.