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Mudança e organização

         
Crédito de Imagem: Intenet

 Transformar dados em informação precisamos de ferramentas que vasculhem e organizem 



Precisamos agrupar, identificar padrões,efetuar cálculos.Mas para transformar informação em conhecimento,precisamos de tempo. A reflexão que leva à compreensão exige tempos de maturação. 


           A questão da velocidade das mudanças traz embutida a questão da percepção dessa velocidade. Quando uma sucessão de fatos ocorrem sem que compreendemos sua natureza, suas causas e consequências, temos a impressão de uma velocidade muito maior. Quando encontramos padrões de comportamentos e explicações lógicas para os fatos, podem encará-los via relações de causa e efeito, e às vezes nos darmos até ao luxo da previsibilidade.

            A tecnologia da informação e da comunicação expõe as pessoas hoje, através de diversas mídias, a uma avalanche de dados e informações. Somos inundados de fatos novos, todos os dias, pelos telejornais vespertinos, por exemplo. Mas a maioria das pessoas não consegue articular relações inteligentes de causa-efeito durante o curto espaço de tempo dos intervalos comerciais da TV...

          A percepção da velocidade das mudanças se acelera se ao ritmo das próprias mudanças, é claro, que é vertiginoso em todo o mundo. Mas essa percepção também é acelerada pela forma como as informações circulam. A simultaneidade entre acontecimento e notícia, propiciada pelos novos meios de comunicação, é  crucial para essa percepção de velocidade.

           Uma consequência disso é que nos aproximamos de níveis de destruição nunca antes vivenciados. Incapazes de refletir sobre a torrente de informações que nos chegam, pela exiguidade do tempo disponíveis para isso entre uma notícia e a seguinte, temos cada vez mais dificuldade para consolidar conhecimentos. E assim nossa capacidade de julgamento vive ao sabor dos "SUSTOS"entregues cada vez mais rápido pela mídia.

       Muito tem sido dito em administração sobre a capacidade de adaptação como vantagem competitiva para as organizações e também para os indivíduos. Na perspectiva de KUNDERA, talvez devemos entender que essa capacidade é menos a agilidade para aderir às novas práticas,e ais a profundidade da reflexão sobre a natureza das mudanças em curso.Trata-se de entender antes de aderir.Assim, essa perspectivas inverte  a costumeira abordagem "eficiente" do uso do tempo.

            Visão estratégia 

           Charles Handy,em "TEMPO DE MUDANÇAS"(Saraiva,SP,1996),nos lembra que "o futuro não é inevitável... Podemos influenciá-lo se soubermos o que queremos dele."Essa mensagem, mais do que alento para tempos turbulentos, é um alerta para a importância da visão estratégica.

         Os administradores têm sido desafiados a desvendar os mistério dos ambiente em que suas organização se inserem, identificando oportunidades e ameaças, e definindo novos rumos para suas empresas. Em muito sentidos, a idéia de visão estratégia tem sido associada com a de vantagem competitiva,essencialmente em uma abordagem adaptativa. Mudar o ambiente, muda a organização. Melhor ainda se pudermos antever as mudanças do ambiente, pró-ativamente. Melhor ainda se pudermos induzir às mudanças no ambiente favoravelmente.

        O problema crucial que se agudiza neste começo de século é o ciclo de percepção-adaptação. Está ficando espremido em janelas de tempo cada vez menores. O que antes se fazia em gerações, passou a ser feito em anos, e agora em meses. A visão estratégica passa a ser permanentemente atualizada, cada vez mais rápido, com menos tempo para a reflexão e amadurecimento. E,muitas vezes, na corrida contra o relógio perdermos  nossa bússola, esquecemos porque, em primeiro lugar, entramos nessa corrida.

As Pessoas  nas empresas competitivas

      A administração,em geral, e a Gestão de Recursos Humano, em particular, têm sido desafiadas a repensar o papel das pessoas nas empresas competitivas. O ser humano-revalorizado em todas as suas dimensões-está sendo conduzido ao centro do palco. Em todos os níveis da organização fala-se no novo papel das pessoas. O talentos individual e a capacidade de desenvolvimento em equipe são indicados como cruciais para a vantagem competitiva da empresa.

       Apesar de tudo,mudamos para competir uns com os outros, e não na busca de um mundo melhor. A torrente de mudanças não é planejada, não é orientada por princípios éticos de uma visão de mundo compartilhada. A velocidade e principalmente, a direção das mudanças são condicionada pela competição imediatista entre  interesse alheios à compreensão  e ao controle dos indivíduos.

        Assim, talvez a verdadeira questão não seja como aproveitar melhor o tempo no sentido utilitário das novas tecnologia da informação e da comunicação. Talvez o interesse seja recuperar o controle sobre essa impermanência do tempo moderno, adequando seu ritmo, redescobrindo o espaço da reflexão e da ociosidade.
Talvez a verdadeira conquista não esteja na organização dos empreendimento,e da vida, para a eficiência do uso do tempo,mas sim para sua fruição.




        JAYME TEIXEIRA FILHO é professor da fundação GETÚLIO VARGAS, autor do livro gerenciando conhecimento (Editora Senac Rio 2000) foi também presidente da sociedade brasileira de gestão do conhecimento.

Boa Leitura!




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